A melhor versão de nós mesmos
perdi a palavra:
Alguns relacionamentos são produtivos e felizes. Outros são limitantes e
inférteis. Infelizmente, há de ambos os tipos, e de outros que nem cabe
aqui exemplificar. O cardápio é farto. Mas o que será que identifica um
amor como saudável e outro como doentio? Em tese, todos os amores
deveriam ser benéficos, simplesmente por serem amores. Mas não são. E
uma pista para descobrir em qual situação a gente se encontra é se
perguntar que espécie de mulher e que espécie de homem a sua relação
desperta em você. Qual a versão que prevalece? A pessoa mais bacana do
mundo também tem um lado perverso. E a pessoa mais arrogante pode ter
dentro de si um meigo. Escolhemos uma versão oficial para consumo
externo, mas os nossos eus secretos também existem e só estão esperando
uma provocação para se apresentarem publicamente. A questão é perceber
se a pessoa com quem você convive ajuda você a revelar o seu melhor ou o
seu pior. Você convive com uma mulher tão ciumenta que manipula para
encarcerar você em casa, longe do contato com amigos e familiares,
transformando você num bicho do mato? Ou você descobriu através da sua
esposa que as pessoas não mordem e que uma boa rede de relacionamentos
alavanca a vida? Você convive com um homem que a tira do sério e faz
você virar a barraqueira que nunca foi? Ou convive com alguém de bem com
a vida, fazendo com que você relaxe e seja a melhor parceira para
programas divertidos? Seu marido é tão indecente nas transações
financeiras que força você a ser conivente com falcatruas? Sua esposa é
tão grosseira com os outros que você acaba pagando micos pelo simples
fato de estar ao lado dela? Seu noivo é tão calado e misterioso que
transforma você numa desconfiada neurótica, do tipo que não para de
xeretar o celular e fazer perguntas indiscretas? Sua namorada é tão
exibida e espalhafatosa que faz você agir como um censor, logo você que
sempre foi partidário do “cada um vive como quer”? Que reações
imprevistas seu amor desperta em você? Se somos pessoas do bem, queremos
estar com alguém que não desvirtue isso, ao contrário, que possibilite
que nossas qualidades fiquem ainda mais evidentes. Um amor deve servir
de trampolim para nossos saltos ornamentais, não para provocar
escorregões e vexames. O amor danoso é aquele que, mesmo sendo
verdadeiro, transforma você em alguém desprezível a seus próprios olhos.
Se a relação em que você se encontra não faz você gostar de si mesmo,
desperta sua mesquinhez, rabugice, desconfiança e demais perfis
vexatórios, alguma coisa está errada. O amor que nos serve e nos faz
evoluir é aquele que traz à tona a nossa melhor versão.
->Martha Medeiros.
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